ADMEP –
ASSEMBLEIA DE DEUS – MINISTÉRIO ESTUDANDO A PALAVRA
EBD - ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL
DEPARTAMENTO
DE EDUCAÇÃO CRISTÃ
AMÓS – A JUSTIÇA SOCIAL COMO PARTE DA ADORAÇÃO
28 de Outubro de 2012 - 4º TRIMESTRE
TEXTO ÁUREO
“Porque vos digo que, se a vossa justiça não
exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus”.
[Mateus
5. 20]
VERDADE PRÁTICA
Justiça
e retidão são elementos necessários e imprescindíveis à verdadeira adoração a
Deus.
Leitura Bíblica em Classe:
Amós 1.1; 2. 6-8; 5. 21 – 23
Objetivos da
Lição:
ü Dissertar a respeito da vida pessoal de Amós e a
estrutura do livro.
ü Saber que a justiça social é um empreendimento bíblico.
ü Apontar a política e a justiça social como elementos de
adoração a Deus.
ü
“Buscai
o bem e não o mal, para que vivais; e assim o Senhor, o Deus dos Exércitos,
estará convosco, como dizeis” (Am 5: 14).
INTRODUÇÃO: - O Livro de Amós é uma mensagem de advertências ao
povo de Deus; é atual e oportuna. Ele ergue um grande clamor pela justiça
social. Ele tira uma radiografia do presente ao analisar o passado distante de
Israel nos tempos prósperos do rei Jeroboão II. Amós ataca duas grandes áreas
do pecado geralmente condenadas pelos profetas: a idolatria e a injustiça
social. A raiz do problema de Israel era sua falsa religiosidade. Embora Israel
mantivesse as formalidades rituais da lei e até se excedesse nelas (Am 4:4,5),
a idolatria era muito comum (Am 5:26; 2Rs 17:9-17), assim como a violência e a
injustiça (Am 2:6-8; 4:1). Deus não tolera a idolatria, que é, na verdade,
adoração a demônios (Dt 32: ,17; 1 Co 10:20).
Por
causa da idolatria e da injustiça social, o Senhor enviou advertências a Israel
em forma de fome, sede, desgraças, gafanhotos, pragas e derrotas militares, mas
o povo recusou-se a ver a mão de Deus nesses acontecimentos (Am 4:6-11). Logo,
o julgamento era inevitável (Am 4:12-5:20), e a punição é retratada em uma
série de profecias verbais e visionárias que predisseram a destruição total e o
exílio. A mensagem do profeta é ousada e forte, mas seu coração se derrete em
profunda compaixão e intercessão pelos impenitentes. Ele fala da graça que
convida a todos para uma volta a Deus, em vez de uma entrega irrefletida à
religiosidade sem doutrina e sem vida. Ele alerta o povo que se preparem para o
encontro com Deus (Am 4:12). Justiça e retidão, esses são os elementos
importantes que devem fazer parte do caráter daqueles que são verdadeiros
adoradores a Deus. Amós deixa claro que Deus procura adorador, e não
adoração (Am 5:23,24; João 4:24). Ele se interessa mais por caráter do que por
carisma.
I. O LIVRO DE AMÓS
1.
Contexto
histórico. Amós viveu dias de grande
prosperidade no Reino do Norte, na época, governado por Jeroboão II. Esse
monarca obteve sucessivas vitórias contra seus vizinhos hostis de Israel, e com
isso, obteve o controle das rotas comerciais que levavam riqueza a Samaria, a
capital do Reino do Norte. "A terra era fértil, as chuvas caíam
regularmente e os silos estavam abarrotados de grãos. Nesses anos dourados foi
erguido majestoso prédios públicos, os ricos construíam espaçosas residências
próximas aos centros litúrgicos populares, em Betel e Dã, onde podiam usufruir
rituais esplêndidos que satisfaziam seus anseios pela pompa e ostentação.
Todavia, por trás da superfície brilhante da sociedade, escondiam-se tragédias
terríveis" (Guia do leitor da Bíblia, CPAD, pg. 536).
Muitos
se enriqueceram por meio da violência e rapina; pela opressão dos pobres e
necessitados (Am 3:10). Credores sem remorso vendiam os pobres como escravos
(Am 2:6-8). Usavam balanças enganosas e vendiam aos pobres o refugo do trigo
por um peso menor, mas por um preço maior. Os juízes aceitavam dinheiro dos
ricos para tomarem decisões injustas nas contendas legais contra os pobres (Am
5:12). As mulheres se mostravam tão duras e tão gananciosas e cruéis quanto os
homens. Exigiam dos maridos que oprimissem os pobres e os necessitados para
adquirirem os meios de satisfazer a sua vontade (Am 4:1).
Não
havia restrição para a prática da injustiça (Am 8:5). Desprezavam os mais
nobres sentimentos humanos (Am 2:8). Não toleravam ser repreendidos (Am 5:10).
Na busca insaciável da riqueza, os ricos se mostravam insensíveis à ruína do
país (Am 6:6). Ufanavam-se de seu poder e autoridade e ficavam sossegados sem
pensar na possibilidade do julgamento vindouro (Am 6:1,13).
É
contra esse cenário degradante que lemos as palavras de Amós, um fazendeiro das
cercanias de Judá que, inesperadamente, fora chamado por Deus para ir a Israel
e condenar a injustiça e a apostasia desta nação.
Amós
profetizou no período mais próspero dos reinos do Norte e do Sul. Em Judá, o
rei Uzias fazia um longo governo de 52 anos, ou seja, de aproximadamente 790
até cerca de 740 a.C. e, em Israel, o reino do Norte, Jeroboão II, por 41 anos,
fazia o mais extenso e o mais bem-sucedido governo de Israel, entre 793 a 753
a.C.
Aproximadamente
30 ou 40 anos após a profecia de Amós, a Assíria destruiu a capital de Israel,
Samaria, e conquistou o Reino do Norte (722 a.C).
2.
Vida pessoal. Amós significa "aquele que
carrega fardos" ou "carregador de fardos". O livro contém muitos
fardos de julgamentos ou calamidades que o profeta transmitiu a Israel. Amós
não era procedente da classe rica e aristocrática, empoleirada no poder, mas
oriundo das toscas montanhas de Tecoa, aldeia incrustada nas regiões mais altas
da Judéia. Segundo alguns estudiosos, Tecoa ficava nove quilômetros ao sul de
Belém. Foi um dos lugares fortificados por Roboão para a proteção de Jerusalém
(2Cr 11:6). Com a elevação de 920 metros, servia de lugar para tocar trombeta,
e assim transmitir sinais e anúncios ao povo (Jr 6:1).
Amós
era pastor de ovelhas e agricultor (Am 1:1), homem de caráter robusto, de voz
retumbante, de profundo conhecimento da realidade do mundo ao seu redor. Embora
nunca tivesse desfrutado as vantagens de uma educação formal numa "escola
de profetas'', tinha absoluta convicção do seu chamado profético. Ao receber
sua vocação da parte de Deus, deixou seu lar em Judá, como mero leigo,
proclamando, na orgulhosa capital do Reino do Norte, uma mensagem clara e
ríspida vinda do próprio Deus. Sem qualquer título oficial de profeta
reconhecido, enfrentou os preconceitos do público em Efraim (Am 7:10-17), sem
desviar-se do seu propósito. Seu senso de vocação lhe deu firmeza nas provas.
3. Estrutura e Mensagem.
a) Estrutura. O Livro de Amós divide-se, de modo natural em três seções:
a.1)
Na Primeira seção (Am 1:3-2:16), o
profeta dirige primeiramente sua mensagem de condenação a sete nações vizinhas
de Israel, inclusive Judá. Tendo levado Israel a aceitar prazerosamente o
castigo desses povos (Am 1:3-2:5), Amós passa a descrever vividamente os
pecados da nação eleita e a punição que lhe estaca reservada (Am 2:6-16). Esta
seção determina o tom da mensagem do livro: a condenação resultará na
destruição e exílio da nação israelita.
a.2)
A segunda seção (Am 3:1-6:14) registra
três mensagem ousadas, iniciando cada uma delas com a expressão: “ouvi esta
palavra” (Am 3:1-4:1;5:1). Na primeira, Deus julga Israel como um povo
privilegiado, a quem Ele livrara do Egito: “De todas as famílias da terra a vós
somente conheci; portanto, todas as vossas injustiças visitarei sobre vós” (Am
3:2). A segunda mensagem começa tratando as mulheres ricas de Israel de “vacas
de Basã... que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizei a
seus senhores: daí cá, e bebamos” (Am 4:1). Amós profetiza que elas seriam
levadas ao cativeiro com anzóis de pesca, como o justo juízo de Deus requeria
(Am 4:2,3). Amós tem palavras semelhantes para os mercadores desonestos, e os
governantes corruptos, os advogados e juízes oportunistas e os sacerdotes e
profetas prevaricadores. A terceira mensagem (Am 5 e 6) alista as abominações
de Israel. Amós, pois, conclama o povo ao arrependimento: “Ai dos que
repousam em Sião” (Am 6:1), pois a ruína estava prestes a se abater sobre
eles.
a.3)
A última seção (Am 7:1-9:10)
registra cinco visões de Amós a respeito do juízo divino. A quarta visão
descreve Israel como um cesto de frutos em franco estado de putrefação. O juízo
divino já se fazia arder (Am 8:1-14). A visão final mostra Deus em pé ao lado
do altar, pronto a ferir Samaria e o reino decadente do qual era ela capital
(Am 9:1-10). O livro termina com breve, porém poderosa, promessa de restauração
ao remanescente (Am 9:11-15)(Fonte: BEP).
b)
Mensagem. Amós faz uma radiografia da
sociedade israelita, uma diagnose da nação. Ele põe o dedo na ferida e brada
com sua retumbante voz denunciando os pecados do povo de Israel, bem como das
nações vizinhas. As nações circunvizinhas, uma a uma, são chamadas à barra do
tribunal de Deus para responderem por suas atrocidades - O profeta Amós
demonstra uma profunda convicção de que Deus governa não apenas seu povo, mas,
também, as nações.
A
mensagem de Amós toca-nos mais intrincados problemas da ordem política, social,
econômica, moral e espiritual do seu tempo. Ele ataca com veemência a política
externa governada pela ganância insaciável e pelo ódio desmesurado que oprime
os que não podem oferecer nenhuma resistência. Ele atinge com sua mensagem os
endinheirados embriagados pela soberba, que viviam nababescamente, enquanto os
pobres explorados por eles amargavam uma dolorosa realidade. Amós não poupa
aqueles que se entregavam aos prazeres desregrados, tapando os ouvidos à voz da
própria consciência. O profeta boiadeiro alerta para o fato de que, onde a voz
da graça de Deus não é ouvida, a trombeta do juízo é tocada irremediavelmente.
Observe
que Amós não se dirigiu pessoalmente a Jeroboão II. Não há nenhum apelo direto
ao rei para ouvir sua mensagem. Amós dirigiu-se ao povo de Israel (Am 2:10-12;
3:11). Dirigiu uma palavra forte às mães e às matronas que exigiam o melhor dos
alimentos e mobiliário, com sacrifício dos pobres (Am 4:1). De modo semelhante,
fala aos pais que levavam seus filhos à flagrante idolatria (Am 2:7b), aos
fazendeiros (Am 4:7-9; 5: l6b, 17), aos soldados (Am 5:3), aos juízes (Am 5:7),
aos homens de negócios (Am 5:11; 8:4-6), aos adoradores (Am 5:21-23), aos
líderes de Samaria (Am 6:1-7), a Amazias, o sacerdote em Betel (Am 7:14-17),
aos homens e às mulheres jovens (Am 8:13). A última interpelação direta é a
todo o povo de Deus (Am 9:7).
A
mensagem do livro é também uma mensagem de esperança. “Sua promessa de
restaurará a tenda de Davi” -
esta frase refere-se as doze tribos de Israel, que viverão sob o governo do
Messias (Am 9:11) -, e o futuro decisivo do seu povo
são retratados em uma descrição final que se assemelha ao Éden em sua
fertilidade e bênçãos (Am 9:13-15). Aqui, Amós profetiza acerca de uma terra
transformada e gloriosa, onde o povo de Deus poderá continuamente plantar e
colher ao mesmo tempo. A terra será abundantemente produtiva, e as bênçãos
divinas jamais hão de terminar. A nação de Israel (as doze tribos) será
finalmente restabelecida ao Senhor, e nunca mais o abandonará. Em fim, os
israelitas permanecerão seguros na sua terra.
II. POLÍTICA
E JUSTIÇA SOCIAL
A
profecia exerceu um papel fundamental na esfera política e social do povo de
Israel. Os profetas como emissários de Deus, tomavam parte ativa na sociedade e
na política. Suas profecias tinham não somente uma função política, mas
também eram importantes para a manutenção da ordem social. À medida que o tempo
foi passando, os profetas foram ficando à margem da sociedade, pelo fato de os
reis aos poucos afastarem-se de Deus e detestarem ouvir as palavras do Senhor (cf
Jr 36:21-23). Amazias, o sacerdote, tentou silenciar o profeta Amós (cf Am
7:12,13). Ainda assim, Deus utilizou seus servos para clamarem por justiça.
1.
Política. “É
o conjunto de práticas relativo ao Estado ou a uma sociedade”. A
política é algo que está presente em qualquer grupo humano. O próprio Deus,
quando criou o homem, afirmou que ele deveria dominar sobre o restante da
criação (Gn 1: 26), bem como, no jardim onde o colocou, disse que ele deveria
guardá-lo (Gn 2: 15), numa clara demonstração que a natureza humana envolvia o
exercício do poder, consequência do próprio livre-arbítrio de que ele era
dotado. Ora, toda relação de poder é uma relação política e, neste sentido,
certíssimo estava Aristóteles, o grande filósofo grego, ao afirmar que o homem
é um animal político.
Após o
dilúvio, Deus renovou o pacto com o gênero humano e nele foi mantido o papel de
domínio e de poder sobre o restante da criação (Gn 9:2), ainda que bem
demonstrada a limitação da autoridade humana, como se lê em Gn 9:5,6. Não
tardou muito e surgiu o primeiro grande dominador do povo (Ninrode) - Gn 10: 8,9
e o governo humano apresentou-se desafiador contra Deus, a ponto de o Senhor
ter destruído aquela comunidade política única por meio do juízo de Babel (Gn
11:7-9). Bem se vê, portanto, que a existência de governo, de poder, de
domínio, de política não é algo contrário à ordenação divina, mas, sim, seu mau
exercício.
Em
Israel, muitos foram os lideres, cujos governos causaram a ruína do povo. Amós
presenciou isso bem de perto. Não haja dúvida que o governo de Jeroboão II foi
um tempo de prosperidade material. Seu governo alcançou o apogeu econômico.
Todavia, foi um tempo de corrupção moral e espiritual. A idolatria havia sido
sancionada pelo Estado e misturada à própria adoração. Os pobres estavam sendo
oprimidos (Am 2:7,8; 3:9). A justiça estava sendo pervertida (Am 2:7; 5:7). A
corrupção estava presente desde o palácio até o santuário. O sacerdote Amazias,
que representava o povo e especialmente os lideres, rejeitou abertamente o
profeta de Deus e sua mensagem (cf Am 7: 12-17). Prosperidade material não é
garantia da aprovação de Deus nem evidência de religião pura.
2. A
justiça social. Justiça social “é
o conjunto de ações sociais estabelecido na sociedade para suprimir as
injustiças de todos os níveis”. Justiça e retidão têm mais valor aos
olhos de Deus do que rituais religiosos. A prática religiosa sem vida
transformada não pode agradar a Deus. Obediência é mais importante do que
sacrifício. Ninguém pode provar seu amor por Deus sem amar o próximo.
Amós
diz que Deus está mais interessado que a justiça prevaleça nas ruas do que as
músicas sacras sejam entoadas nos templos. Com respeito à justiça, Amós fala de
abundância (“corra como águas”) e de eternidade (“como ribeiro
perene”). Os ribeiros na Palestina correm impetuosamente no tempo das
chuvas, mas, nos períodos da seca, eles ficam fraquinhos, ou sem água alguma. O
Senhor pede a justiça constante e perene. A religião sem essas qualidades de
retidão e de justiça não é a religião bíblica. A religião bíblica é vigorosa,
constante e fiel.
Amós
sabia que a religião não pode ter apenas uma relação vertical. Ela passa também
pela relação horizontal. Ele quer justiça social entre pessoa humano e pessoa
humana. Toda sua mensagem serve como prelúdio para a definição que Tiago dá da
verdadeira religião: "A religião pura e imaculada diante de nosso Deus
e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se
isento da corrupção do mundo" (Tg 1:27).
3. O
pecado. O pecado é o opróbrio das
nações (Pv 14:34). Antes de uma nação cair nas mãos do inimigo invasor, ela cai
pelas suas próprias transgressões. O profeta disse para essa nação: "Volta,
ó Israel, para o Senhor teu Deus; porque pela tua iniquidade tens caído"
(Os 14:1). Israel havia transgredido a lei de Deus e deixado de viver de acordo
com Sua aliança. A primeira tábua da lei referia-se ao relacionamento do povo
com Deus, e a segunda, aos relacionamentos de uns com os outros, e Israel havia
se rebelado contra todas essas leis. Não amavam a Deus e não amavam a seu
próximo. Um dos terríveis pecados cometidos pela nação de Israel (Reino do
Norte), que a levaram à ruína foi à opressão ao pobre, amar mais a injustiça do
que a misericórdia (Am 8:4). A cobiça insaciável levou a classe rica de Israel a
praticar crimes horrendos debaixo das barbas do rei, com a ajuda de juízes
corruptos, sem nenhuma condenação dos sacerdotes. Os ricos tinham ódio do
necessitado e destruíam os miseráveis da terra. Eles tinham uma atitude
predatória e insensível para com as pessoas desamparadas (Am 8:4,6). Se
pudessem, eles engoliriam os necessitados e os exterminariam (Am 2:6,7). A
desumanidade deles provocou a ira de Deus e o colapso da nação, pois quem não
exerce misericórdia não pode receber misericórdia. A religião sem o exercício
da misericórdia é vã (Tg 1: 27). A fé sem as obras é morta (Tg 2: 14-17).
III. INJUSTIÇA
SOCIAL
Amós
foi o único profeta do Reino do Norte a bradar energicamente contra as
injustiças sócias. Ele denunciou os pecados de opressão e de injustiça social
das nações ao redor de Israel, bem como os desmandos morais de seu povo. Ele
denunciou a corrupção no palácio e nas altas cortes do judiciário. Ele
diagnosticou os males que destruíram a nação nos centros econômicos da nação,
nas mansões dos endinheirados, bem como nos templos religiosos. Ele pôs o dedo
na ferida da nação e alertou para a necessidade urgente de arrependimento tanto
nas praças de negócios quanto nos altares religiosos.
Israel estava vivendo o apogeu da sua
vida política e econômica. Jeroboão II tinha alcançado suas mais esplêndidas
vitórias. A aristocracia vivia em berço de ouro. Os ricos estavam cada vez mais
opulentos. Todavia, enquanto os palácios se enchiam de bens, os pobres
amargavam a mais extrema pobreza e miséria. A riqueza da nação ia para os
cofres de uma pequena minoria privilegiada enquanto a maioria do povo vivia
esmagada pela mais aviltante miséria. O país estava se enriquecendo, mas não
com justiça social.
O profeta Amós combateu com veemência o
mau governo de Jeroboão II (Am 7:10-14).Em seu
governo, a exploração e a injustiça campeavam. Os ricos entesouravam suas
riquezas colossais, tomadas dos pobres indefesos. Nenhuma palavra era dada nem
qualquer esforço era feito para coibir essa prática nem mesmo para punir os
criminosos. A Bíblia diz, entretanto, que toda autoridade é instituída por Deus
para promover o bem e coibir o mal (Rm 13:1-7). Quando o governo se cala diante
dos desmandos e das injustiças sociais ou se corrompe, fazendo parte de
esquemas criminosos para assaltar os indefesos, a nação dá claros sinais de sua
decadência moral. Pior do que isso, esse monarca estabeleceu altares idólatras
em Dã e Betel, especialmente para competir com o Templo de Jerusalém. Betel, assim,
não era mais a casa do Rei dos reis, mas apenas um lugar para a
bajulação de um rei ímpio. A religião de Israel era eminentemente humanista.
Tinha sua origem no homem e era voltada para o homem. Deus fora excluído da
religião em Betel. Quando a religião cala sua voz e deixa de tocar
a trombeta de Deus, denunciando o pecado, quer no palácio quer na choupana, ela
mesma se coloca debaixo do juízo divino.
Deus não está distante das práticas
sociais de seus filhos, e não se agrada quando seu próprio povo deixa de
aplicar a misericórdia para agirem como mercenários. Deus se importa com a
justiça social sim, pois de nada adianta uma pessoa dizer que serve a Deus e
praticar coisas indevidas para um servo de Deus, como mal tratamento de seus irmãos
ou o descaso para com as necessidades deles. Não há dualidade na vida cristã,
ou seja, um crente não pode ser uma pessoa na igreja e outra fora da igreja.
Ele deve ser a mesma pessoa em todas as ocasiões.
Não
resta dúvida de que a situação atual de crescente desigualdade social, de cada
vez mais intensa injustiça social em todas as nações, até mesmo nos países
desenvolvidos, é resultado direto de uma situação pecaminosa. Pecado é
iniquidade (1João 3:4) e, portanto, onde abunda o pecado, abunda, necessariamente,
um estado de injustiça, inclusive na sociedade, como, aliás, denunciou
gravemente o profeta Amós no Reino do Norte (cf Am 2:6,7; 4:1; 5:11; 8:4,6).
IV. A
VERDADEIRA ADORAÇÃO
- A
adoração corrompida e a idolatria estão entre as causas principais da
manifestação do julgamento divino(veja
2Rs 17:7-20; 2Cr 26:16-20; Is 1:11-17; Am 4:4-11). Há sempre o perigo de
trazermos um “fogo estranho” diante do altar e trono do Senhor (Lv
10:1-2) e contra o mesmo devemos estar sempre em guarda. Não apenas a adoração
a falsos deuses é proibida nas Escrituras, mas também a adoração ao verdadeiro
Deus com uma atitude errada (veja Ml 1:7-10; Is 1:11-15; Os 6:4-6; Am 5:21). Em
Levítico 10 temos o registro não apenas da morte de Nadabe e Abiu,
mas também somos instruídos sobre o fato de que o “fogo estranho” que
eles trouxeram perante o Senhor consistia naquilo que era contrário aos
mandamentos divinos quanto à adoração. Paulo repreendeu os
cristãos de Corinto porque eles não se ajuntavam “para melhor, e sim para pior”(1Co
11:17), e o mesmo fez Amós com a nação de Israel(Am 4:4).
- Amós denuncia com veemência o
sincretismo religioso (Am 4:4,5). Israel
substituiu a verdadeira adoração a Deus por práticas sincréticas. O culto foi
paganizado. A idolatria foi assimilada no culto. O povo queria chegar até Deus
por meio de um ídolo. Houve uma mistura do culto cananita (adoração do bezerro)
com o culto ao Senhor. A religião israelita tornou-se sincrética.
Os sacrifícios que eles traziam eram
impuros, pois ofereciam coisas com fermento no altar, o que era proibido por
Deus (Lv 2.11; 6.17). Deus não quer sacrifício, Ele requer obediência (1 Sm
15:22,23). Não podemos sacrificar a verdade para atrair as pessoas à igreja,
nem podemos acrescentar coisa alguma aos preceitos de Deus porque gostamos
dessas coisas. O pragmatismo se interessa peio que dá certo, e não pelo que é
certo; ele busca o que dá resultados, e não o que é verdade; ele tem como
objetivo agradar o homem, e não a Deus.
Hoje vemos florescer o sincretismo
religioso. Práticas pagãs são assimiladas nas igrejas para atrair as pessoas.
Cerimônias e ritos totalmente estranhos à Palavra de Deus são introduzidos no
culto para agradar o gosto dos adoradores. O sincretismo está na moda. Mas, ele
ainda continua provocando a ira de Deus.
- A verdadeira adoração a Deus foi
substituída pelo ritualismo acintoso (Am 4:4,5). A expressão externa do culto era meticulosamente observada. As
aparências indicavam que Israel passava por um reavivamento espiritual.
Multidões se dirigiam aos lugares sagrados (Am 5:5), levando sacrifícios e
dízimos (Am 4:4; 5:21,22) e até entoando cânticos de louvor ao Senhor (Am 5:23;
6:5; 8:3,10). Eles ofereciam sacrifícios com mais frequência do que era
requerido pela lei, como se quisessem provar o quanto eram espirituais. Pensavam
que Deus se agradava de seus ritos ao mesmo tempo em que andavam em escandalosas
práticas de pecado. Mas Deus, que sonda as intenções, via em todos aqueles
rituais sagrados apenas a multiplicação das transgressões.
Os que professam ser salvos, e
demonstram adorar ao Senhor, inclusive com suas ofertas, mas continuam a amar
os prazeres do mundo, são uma abominação ao Senhor. Deus aceita somente a
adoração e devoção dos que o amam, e porfiam por trilhar seus caminhos.
Oferta sem vida é abominação para
Deus. Primeiro, apresentamos a vida no altar, depois, trazemos nossa oferta. Se
Deus rejeitar a vida, Ele não aceita a oferta. Deus rejeitou Caim e sua oferta.
Deus rejeitou os filhos de Eli e, por isso, a arca da aliança foi roubada. Deus
rejeitou o povo de Judá e, por isso, disse que estava cansado do culto deles.
Deus rejeitou os sacerdotes do pós-cativeiro e, por isso, disse que eles
estavam acendendo o fogo inutilmente em sua casa.
Ainda hoje muitos pensam que as observâncias
externas são as coisas mais importantes da religião. Há muito cuidado com a
tradição, e pouco zelo com a verdade. Há muita preocupação com a forma, e quase
nenhuma com a motivação. Contudo, essas exterioridades são meios, e não fins.
Se elas vieram separadas de um coração penitente e contrito, são meios de
condenação, e não de salvação.
- O profeta Amós se dirige aos
peregrinos de forma irônica: "Vinde
a Betel, e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões..." (Am
4:4). Amós zomba do convite à peregrinação, do hino que os
peregrinos cantam enquanto caminham: “Vinde a Betel”; ele zomba de
seus propósitos, dizendo-lhes que o resultado do exercício será apenas a
transgressão multiplicada pela transgressão; ele zomba da meticulosidade ritualista
deles nos sacrifícios e nos dízimos. Quanto mais religiosos eles se tornavam,
mais longe de Deus andavam. Quanto mais egocêntricos, mais afastados da graça.
Quanto mais zelosos em seus ritos, mais prisioneiros de seus pecados.
· Betel significa
"Casa de Deus", lugar de encontro com Deus
e de transformação de vida. Aquele era um lugar muito especial para o
povo judeu por causa de sua relação com Abraão (Gn 12:8; 13:3) e com Jacó (Gn
28:10-22; 35:1-7). Mas agora Betel era o "santuário do
rei", onde Amazias, o sacerdote, servia (Am 7:10-17). Eles vinham
a Betel para pecar. Vinham para transgredir. Eles frequentavam o templo, mas
não adoravam a Deus. Eles traziam ofertas, mas não o coração. Hoje,
semelhantemente, há um batalhão de gente na igreja sem conversão. Quem não é
santo, não é salvo. Deus nos salva do pecado, e não no pecado (1 João 2:3;
3:6,9; 5:18).
· Gilgal significa
o lugar da posse da bênção, o lugar da conquista e da vitória. Todavia,
eles vinham a Gilgal e voltavam vazios, derrotados pelos seus pecados. Eles só
vinham para multiplicar as suas transgressões. Isso acontece também hoje:
muitas pessoas estão na igreja, mas caminham para a morte.
- A
motivação do culto em Betel e em Gilgal não
era glorificar a Deus, mas agradar a eles mesmos. A verdadeira adoração a Deus foi substituída pelo movimento
humanista (Am 4:4,5). A religião não era uma expressão de adoração, mas de autogratificação.
A religião não era um meio de se humilharem diante do Todo-poderoso, mas de
satisfazer sua própria vaidade carnal. Eles oprimiam os pobres e bebiam vinho
porque gostavam disso. Eles iam ao templo não para buscar a Deus, mas porque
gostavam disso. Seus ritos e seus sacrifícios eram apresentados não a Deus, mas
a eles mesmos. Era um culto humanista, em que jamais eram confrontados a mudar
de vida. Suas apresentações musicais se tornaram cânticos fúnebres (Am 5:23;
8:3,10).
Portanto,
a verdadeira adoração a Deus não é a observância meramente formal da liturgia
religiosa: é o “ouvir” e o “praticar” a vontade de Deus; consiste no espírito
quebrantado e num coração contrito. Deus exige de seu povo verdadeira adoração.
CONCLUSÃO
Em
Amós, vemos que Deus observa a vida do homem em todos os seus aspectos e que
somente a libertação do pecado pode proporcionar paz, segurança, justiça e
verdadeira igualdade social. Em Amós, nota-se a necessidade de Alguém que venha
tirar o pecado do mundo para que haja a tão almejada época de justiça e
paz na humanidade. Esse Alguém é Jesus Cristo. “Vem, Senhor Jesus!”.
Elaboração: Luciano
de Paula Lourenço – Prof. EBD – Assembleia de Deus – Ministério Bela Vista.
Disponível no Blog: http://luloure.blogspot.com
Referências Bibliográficas:
William Macdonald – Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento).
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.
O Novo Dicionário da Bíblia – J.D.DOUGLAS.
Comentário Bíblico NVI – EDITORA VIDA.
Revista Ensinador Cristão – nº 52 – CPAD.
A Teologia do Antigo Testamento – Roy B.Zuck.
Comentário Bíblico Beacon, v.5 – CPAD.
Amos (um clamor pela justiça social)
– Rev.Hernandes Dias Lopes.
RESPONDA:
1.
Qual
o discurso do livro de Amós?
2.
Qual
a nossa responsabilidade pessoal?
3.
O
que significa a expressão “por três transgressões de Israel e por quatro, não
retirarei o castigo”?
4.
Quais
as três decadências nos dias de Amós?
5.
Qual
o verdadeiro sacrifício para Deus?
LEMA:
“Dá instrução ao SÁBIO, e ele se fará mais
SÁBIO; ensina ao JUSTO, e ele crescerá em ENTENDIMENTO”. (Provérbios 9. 9).
Não Falta a Próxima Aula! -
Sua falta entristece o nosso coração!
DEC - Departamento de Educação Cristã
Professora, Josina
Paulino
Gestora:
Pastora, Maria Valda.
ADMEP
Deus te abençoe bastante assim como já o tem feito
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